Criança entediada: o que há de bom nisso? - Papai Educa

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Leandro Nigre

LEANDRO NIGRE

Pai do Joões, em seu plural consagrado, João Guilherme e João Rafael, esposo da Dayane, jornalista, palestrante, articulista sobre paternidade, especialista em Mídias Digitais, editor-chefe de jornal impresso, em Presidente Prudente.

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Criança entediada: o que há de bom nisso?

Saiba porque o tédio é importante para seu filho, com vistas a buscar o tempo livre com criatividade

29 de Abril de 2018
5 comentários

A cena talvez não seja tão corriqueira por aí, mas deveria ser: criança entediada sem nada para fazer, vivendo o ócio que pode ser altamente produtivo, quando bem administrado. Com o tédio, os pequenos obtêm a independência para buscar formas de transformá-lo criativamente em algo que os satisfaça, seja lá o que for.

Foto: Arquivo Pessoal

Equilíbrio é a palavra-chave entre ter uma sobrecarga de atividades no dia-a-dia e permanecer à deriva enquanto a vida escorre feito areia entre os dedos. Nem demais, nem de menos… Crianças ocupadas ou aquelas sem estímulos não garantem esta autonomia tão importante ao seu desenvolvimento.

Uma boa parte dos pequenos está sobrecarregada de afazeres. Na rotina extenuante, de atividades que elas mesmas se propõem a fazer, muitas vezes motivadas por influências sociais, se incluem aulas de idioma, dança, música, esportes… Mesmo que benéficas ao intelecto, somadas, geram um excesso de obrigações, uma vez que exigem retorno positivo do investimento aplicado. Transtornos de ansiedade, pânico, estresse, sensação de improdutividade e quadros depressivos são possibilidades a serem desenvolvidas...

Além disso, nesta rotina acelerada, pouco tempo se sobra para a prática de uma alimentação saudável, com qualidade nutricional e tempo. Comem às pressas, às vezes dentro do veículo no traslado, se apropriando de lanches e outras guloseimas, para que deem conta de tudo o que devem fazer. Resta ainda pouco tempo para bons hábitos longe das telas digitais, dos tablets, smartphones e outros dispositivos móveis. Quintais e praças são menos explorados, não há crianças correndo, pulando, jogando, brincando e se divertindo simplesmente por prazer… Na contramão, há aqueles que já estão incorporados ao sofá, à cadeira do computador, ou mesmo à cama, dia e noite, num cenário tão prejudicial e com malefícios semelhantes quanto o da alta demanda que tira da criança a possibilidade de “ser criança”. Há robôs demais por aí...

Quantos de nós, adultos, não deixamos de desenvolver habilidades por conta das ocupações profissionais, da ausência de tempo livre? Raros, sobretudo aqueles que têm o trabalho como uma obrigação financeira para sobrevivência e não como uma recompensa. Ocupados e pouco úteis! Giram e voltam sempre para o mesmo ponto, pois normalmente focam na renda ou trabalham apenas por ela, o que gera a falsa sensação de estar feliz e satisfeito. Querem mudanças, mas não possuem potencial de criar, gerar conhecimento e inovar. Seguem à risca o capitalismo como sinônimo de sobrevivência.  E não encontram tempo para contribuir.

Permitir que a criança utilize o ócio a seu favor e que busque ocupar o momento vago com atividades que exercitem sua criatividade são medidas indispensáveis. Quem sabe começando com os jogos de tabuleiro, pintura, leitura, exploração de áreas externas, brincadeiras de antigamente - corre-corre, esconde-esconde, pega-pega, pular corda, jogar bola, queimada, andar de bicicleta, patins, skate… Atividades lúdicas que também atuam contra o sedentarismo e a obesidade infantil.

Embora a criança possa receber sugestões de atividades, incentivo à prática e seja ensinada a executar, é importante garantir que ela desenvolva a brincadeira à sua maneira. Gerenciar as regras, ouvir o subconsciente, apoderar-se do dinamismo, da competitividade e até mesmo vivenciar e avaliar os riscos. É necessário raciocinar, encontrar soluções, ter insights e gerar ideias! Isso fortalecerá sua capacidade de administrar diversas questões, por meio de um olhar criativo e menos impeditivo. Vencer etapas e atingir desempenho produtivo é favorável à autoestima e ao sentimento de satisfação.

O tempo livre não pode ser carregado de culpa, de alegação de percas, sobretudo financeiras ou mesmo do próprio tempo. Isso está longe de fazer qualquer apologia à negligência e falta de responsabilidade com os afazeres. Não ter nada para fazer pode ser fazer tudo! Deixe desimpedido o intelecto! Aproprie-se do ócio e garanta à criança o mesmo. Se é moda exagerar numa extenuante rotina, prefira estar satisfeito e feliz.

* Os textos só podem ser reproduzidos mediante autorização do autor e desde que citada a fonte 

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MAIS 5 COMENTÁRIOS

Regina Dias

09 de Maio de 2018

Adorei a matéria e vou colocar para minha filha ler, pois ela vive reclamando de tédio

Leandro Nigre

Compartilhando a paternidade ativa

Faça deste compartilhamento um aprendizado, Regina. Muito obrigado!

Juliana Pelizzari Rossini

01 de Maio de 2018

Muito bom o assunto, o tema. Criança tem que ser criança, sem exagero nas atividades, com equilíbrio, deixando a criatividade ser exercida através do tempo livre, da infância livre principalmente dos exageros, do caos... Amei o post. Abraços Ju

Thiago | Papai Urbano

30 de Abril de 2018

Nos dias de hoje as crianças ficam ansiosas por conta a velocidade de informação que recebem o ideal é manter a criança fazendo atividades ao ar livre.

Rafael

30 de Abril de 2018

Um "tempo pra fazer nada" é ótimo até pra nós adultos, temos que dar o exemplo e relaxar um pouco, porque nos enfiamos também em diversos trabalhos e tarefas, e pra replicar isso pros filhos é um passo. Ótimo artigo :D

Marcio

30 de Abril de 2018

Temos que usar a criatividade para conseguir tirar o ipad e o celular dos pequenos!

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