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Leandro Nigre

LEANDRO NIGRE

Pai do Joões, em seu plural consagrado, João Guilherme e João Rafael, esposo da Dayane, jornalista, palestrante, articulista sobre paternidade, especialista em Mídias Digitais, editor-chefe de jornal impresso, em Presidente Prudente.

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Pai, olha pra mim!

Talvez até você se identifique neste retrato real, onde somos cada dia mais consumidos pelas redes, mesmo que num curto espaço de tempo…

01 de Abril de 2018
5 comentários

Era quinta-feira, pós-expediente e eu ainda resolvia pendências do trabalho pelo celular. Muitas vezes, o jornalismo é compreensivelmente cruel, pois não escolhe hora nem lugar para suas demandas! Já se passava das 20h, o jantar não estava servido, havia brinquedos em miniaturas espalhados pela casa toda. João Guilherme ainda usava o uniforme escolar, segurava um pedaço de papel em mãos e andava atrás de mim à espera que me desocupasse. Enquanto isso, João Rafael explorava uma das gavetas do gabinete do banheiro, colocando a baixo tudo que estava armazenado milimetricamente para caber lá. Quatro itens nadavam na água do vaso sanitário ao mesmo tempo em que meu olhar de repreensão ao ato era devolvido com um sorriso “de canto de boca”.

Foto: Divulgação

Na corrida contra o tempo, à medida que buscava solucionar todas as reivindicações do trabalho, tentava manter os meninos “sob controle”, enquanto escutava a mamãe cobrando banho, pois o jantar estava pronto. Entre idas e vindas nos cômodos da casa e o envio das mensagens de texto escritas por áudio, tentava organizar aquela vida em abundância esparramada por tudo quanto é canto. Os minutos eram levados pelo tempo… e lá se foram quase 60 deles.

Nesta mesma frequência, os alertas de novas postagens disparavam das mais variadas redes sociais. Facebook, Youtube, Instagram, Twitter, Whatsapp... E agora me inventaram o Vero. Ah, vá! Todos elas com notificações saltando aos meus olhos com convites para mergulhar no novo, no atual, no factual… E se a informação do minuto passado já não é mais a mesma, que jornalista não se rende a isso? É um deleite.

Clicar em uma notificação é quase uma viagem sem volta. No Whatsapp, então, um pedido de socorro por infindáveis “bolinhas” indicando em seu interior a quantidade de mensagens à espera que você possa zerá-las. Entre elas, súplicas de atenção de um amigo, um familiar, a mãe, o pai, a irmã, o tio, o colega de trabalho... alguém que precise, talvez, de 30 segundos do seu tempo, mesmo que virtualmente, já que quase tudo se resolve por lá.

Sim, quase tudo… Antes mesmo que finalizasse os afazeres, sentado no sofá, à medida em que o bebê tentava alcançar o celular na minha mão, meu primogênito parou ao meu lado e em tom brando, clamou: “Pai, olha para mim”.

Naquela sutileza, me roubou de mim, do mundo, das novas informações, de tudo aquilo que continuou à minha espera e ainda lá está. No pedaço de papel um desenho que poderiam ser rabiscos aos olhos alheios, mas que a mim estavam claramente nítidos como se tivessem legendas e que verbalmente foram enunciados: “sou eu e você, papai”.

Os filhos têm disso. Talvez até você se identifique neste retrato real, onde somos cada dia mais consumidos pelas redes, mesmo que num curto espaço de tempo… ou, quem sabe, por longas horas no dia. Há sempre “uma última coisa a fazer”. É a inclusão digital da exclusão social. Já disse isso em outra oportunidade.

Concomitantemente, o melhor da vida passa diante dos nossos olhos enquanto a conexão está longe do mundo real. Estamos abarrotados de informações, imersos em compromissos virtuais e mais ansiosos e deprimidos por não dar conta de tudo. A internet desembarcou nos lares sem qualquer manual de instrução de uso racional. É altamente sedutora. Faz do irreal tão real. Afague a alma, sinta a pele, o toque, o abraço, demonstre afeto, vivencie o presente longe das teclas e conecte-se no olhar. Reflita, reveja, elimine, desintoxique e reabasteça-se do que realmente vale à pena. O hoje não acabou!

* Os textos só podem ser reproduzidos mediante autorização do autor e desde que citada a fonte

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MAIS 5 COMENTÁRIOS

Marcelo Teixeira

06 de Abril de 2018

Belo texto, bela reflexão! Atenção é tudo! Precisamos, de fato, nos ocuparmos mais dos filhos.

Claudia

05 de Abril de 2018

Ótimo post! Muito bem vinda sua reflexão. A internet é muito sedutora e facilmente nos deixamos levar... Beijos

Leandro Nigre

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É isso aí! :)

Chris Ferreira

04 de Abril de 2018

Amei o texto. Me identifiquei completamente com essa abundância de vida esparramada por todos os cômodos com chamadas constantes para a modernidade e o mundo exterior. Filhos estão sempre nos ensinando e mostrando o que realmente importa, ao que devemos realmente nos conectar. beijos Chris

Leandro Nigre

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Seja sempre bem-vinda!!!

Talita Rodrigues Nunes

03 de Abril de 2018

Que retrato perfeito fizesse! Parece um daqueles dias comuns na minha casa, nos quais, se deixarmos, a correria nos atropela!

Leandro Nigre

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É assim em quase todas... Basta olharmos mais para a vida real!

Tata Nigre

02 de Abril de 2018

Realmente isso dos filhos pedirem um minuto de atenção dos pais pra eles, é porque é muito importante obterem um comentário, uma opinião é sua atenção pra c ele

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