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Leandro Nigre

LEANDRO NIGRE

Pai do Joões, em seu plural consagrado, João Guilherme e João Rafael, esposo da Dayane, jornalista, palestrante, articulista sobre paternidade, especialista em Mídias Digitais, editor-chefe de jornal impresso, em Presidente Prudente.

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Meu filho pratica bullying, e agora?

Muito se fala em ajudar a criança vítima da prática, mas como agir quando o agressor está dentro de casa?

30 de Maio de 2017
3 comentários

Muito ouvimos sobre bullying nos últimos tempos. No ambiente escolar, a temática é assunto em voga nas ações de conscientização, nas reuniões de pais e mestres e nos debates com vistas a ajudar a vítima. Detentores da informação, os pais orientam seus pequenos para se prevenir da prática caracterizada por comportamentos repetitivos e intencionais com objetivo de intimidar e prejudicar alguém. Mas e quando o filho é o agressor? Como agir? Tania Paris, fundadora da Associação pela Saúde Emocional (ASEC), esclarece ao blog Papai Educa que os responsáveis devem estreitar os laços de amizades com as crianças, fortalecendo o vínculo de confiança, além de procurar orientação com os profissionais da área da saúde para ajudá-los a lidar com esta situação.

Foto: Divulgação

O bullying pode ser praticado por uma única pessoa ou grupo; e ser físico, verbal ou virtual (cyberbullying). Além disso, ocorre em qualquer ambiente, mas é mais comum naqueles aos quais os grupos se encontram com frequência, como nas escolas.

Tania lembra que muito se discursa em como ajudar a criança que sofre bullying, mas identificar que o agressor está dentro de casa e o que o motiva a seguir com esta prática é um assunto delicado e pouco comentado. Geralmente, os responsáveis são chamados à escola para ter conhecimento, mas quando isso acontece, o bullying já teve algum resultado negativo e muitas das vezes, com gravidade.

Ao mesmo tempo, ela salienta que, por sua vez, as escolas devem manter o corpo docente inteirado do assunto para desenvolver medidas que possam ajudar o aluno a interromper tal atitude. Este posicionamento da escola é uma das questões previstas na lei do Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). No dia 7 de abril, a lei antibullying completou um ano e a medida estabelece a capacitação das equipes pedagógicas e do corpo docente para lidar com determinados problemas, tanto para atuar na prevenção quanto na solução. Este trabalho ainda envolve uma aproximação com os responsáveis para identificar os agressores e as vítimas.

Papai Educa - Como educar para conseguir identificar esse comportamento da criança?

Tania Paris, da Associação pela Saúde Emocional (ASEC) - É importante educar abominando essa prática. Ela não pode ser tolerada em qualquer nível. Quando uma criança inventa um apelido depreciativo engraçado é fundamental que os adultos não riam. Ao contrário, é uma oportunidade interessante para educar – discutir o reflexo daquilo na outra pessoa.

Educar para evitar o surgimento do bullying implica em desenvolver empatia e as habilidades da criança de lidar com suas dificuldades de forma positiva, pois uma criança que lida bem consigo mesma não precisa recorrer a esse tipo de comportamento.

Como agir quando presenciar o comportamento agressivo da criança diante de outra?

Isso mesmo: agir. Todas as pessoas precisam sentir-se responsáveis por interromper o comportamento. Acionar o responsável, sim, mas em presença desse tipo de comportamento, posicionar-se, interrompendo-o.

O que fazer quando a escola exige providências para interromper o bullying?

É responsabilidade da escola agir para interromper qualquer processo de bullying e o ideal é que pais e escola estejam alinhados para solucionar. Devemos compreender que o agressor está enfrentando – de forma negativa – algum problema próprio, e descontando sua insegurança ou baixa autoestima em outra criança. É importante interromper esse processo agindo na raiz, não apenas coibi-lo.

A vítima precisa sentir-se amparada, sabendo que não é culpada e que os responsáveis irão continuar agindo, se necessário.

O agressor precisa desenvolver habilidades para lidar com seus problemas sem agredir terceiros. O início desse processo é tentar compreendê-lo e educá-lo emocional e socialmente. É nisso que um programa de Educação Emocional pode ajudar muito – e se for desenvolvido na escola, com toda a classe junta, é muito mais eficaz. Os pais podem e devem facilitar a comunicação da criança, para que expresse seus problemas e busquem juntos maneiras de resolvê-los.    

É válido optar por atividades e aulas interativas, palestras, campanhas, jogos e outras ações com foco no combate ao bullying?

Certamente. Ao realizar atividades em grupo, aumenta-se a quantidade de crianças que estejam dispostas a ajudar a erradicar o bullying de seu ambiente; inclusive delatando-o, porque na maioria das vezes ele acontece longe da vista dos responsáveis.

Há necessidade de oferecer o acompanhamento com assistência social, psicológica e jurídica?

Nem sempre. Quando os adultos estão alertas e o comportamento é detectado em estágios iniciais, é possível interromper sem grandes sequelas. Entretanto, em muitos casos, há sim a necessidade de profissionais especializados.

E quando seu filho é vítima da agressão diante dos pais do agressor que omitem a correção? Como controlar a agressão diante de pais omissos?

O comportamento agressivo tem de ser interrompido. Espera-se que os pais do agressor sejam conscientes o suficiente para tomar essa ação. Mas se não o fizerem, cabe aos pais da vítima tomarem providências. Incentivarem o filho a contar tudo, acolhendo-o e deixando claro que ele não é culpado pela situação pela qual está passando. O agressor pode ser “habilidoso” para fazê-lo sentir-se merecedor e geralmente ameaça, de forma direta ou indireta. Ampará-lo e verbalizar que está a seu lado pode ser fundamental para que a criança tenha coragem de expor toda a situação.

Se os pais estiverem presentes numa ocasião dessas de agressão, devem exigir que o agressor pare; e discutirem o problema, sempre, com o responsável pela escola, pois cabe a ele manter a segurança psicológica e emocional do ambiente escolar.

Como identificar que a criança está sendo vítima de bullying?

Existem dois sintomas mais presentes: a criança mudar seu comportamento, geralmente ficando mais irritada ou arredia; e passar a evitar o lugar onde o bullying está acontecendo. Uma criança que era alegre e se levantava contente para ir à escola, quando passa a pedir para faltar ou inventar alguma doença pode estar sinalizando que algo – que ela não sabe como contar nem como evitar – esteja acontecendo.

Uma criança que é agredida fisicamente precisa aprender a se defender de que maneira?

Buscando os responsáveis e pedindo ajuda. Os pais não devem ensinar a revidar, mas a evitar situações em que fique sozinha com o agressor e relatar a agressão para eles e para os responsáveis pela escola.

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MAIS 3 COMENTÁRIOS

Pedro Costa

31 de Maio de 2017

Uau, Leandro. Que entrevista! Adorei a abordagem e clareza na fala da entrevistada.

Damaris Calixto

31 de Maio de 2017

Fui vítima de bullying na escola e sofri bastante, quase que sem ajuda, pois muita coisa guardei em silêncio. Realmente hoje eu presto mais atenção no meu filho e converso com ele sobre o assunto. Adorei a entrevista.

Michele Gobbato

30 de Maio de 2017

Ótimo post, aqui sempre converso com meu filho sobre isso, que não devemos ficar colocando apelido nos outros, fazendo brincadeira que não goste, e sempre exemplifico perguntando que se fosse com ele se ele ia gostar Michele Gobbato

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