compartilhando a
paternidade ativa
Pai do Joões, em seu plural consagrado, João Guilherme e João Rafael, esposo da Dayane, jornalista, palestrante, articulista sobre paternidade, especialista em Mídias Digitais, editor-chefe de jornal impresso, em Presidente Prudente.
“Hei, moleque, que frescura, não foi nada demais. Homem não chora!” Como não se a gente tem vontade de se derreter em lágrimas até em comercial de margarina? Desde a infância, nós, homens, somos criados para não expor nossos sentimentos, abocanhá-los goela abaixo até mesmo diante da frustração, da dor, da perda… Fomos educados para “engolir o choro”, guardar para si toda explosão de sentimentos, sob a autoridade de alguém. Mas até quando será assim?
Foto: Arquivo Pessoal
Faremos o mesmo com nossos filhos? Daremos sequência ao ciclo vicioso do machismo? Historicamente o homem foi tido como provedor do lar. Trabalha fora o dia todo, enquanto a mulher cuida dos afazeres domésticos e da criação e educação dos filhos. A figura patriarcal era, e ainda é em muitas casas, aquela a qual devemos total respeito, temor e obediência. Já à matriarca, a base para os cuidados, o amor, o acolhimento...
E, assim, por muito tempo, de geração em geração, fomos forçados a seguir a mesma linha de conduta. Se “homem não chora”, também “tem de ser duro”, “não levar desaforo para casa”, “ser macho” e na outra ponta há mulheres ainda educadas para crer que “homem é tudo igual”, “é ogro, bruto, violento”... E, assim, inconscientemente, o machismo enraizado em nossa sociedade deixa marcas silenciosas, muitas vezes com atos de violência doméstica, por exemplo...
Desde que nascemos são incorporados em nosso caráter e subconsciente conceitos machistas, que nos aprisionam, nos fazem reféns, verdadeiros homens-bomba, prestes a colocar para fora toda uma vida emocional… E, se não houver policiamento, propagamos o mesmo à nossa prole, sem qualquer filtro... Quantas serão as vezes que precisaremos sentir a garganta arder pela vontade de chorar ou mesmo os olhos marejar, mas não permitir que uma só gota pingue no rosto?
Quanto mais enclausuraremos nossos sentimentos, deixaremos de falar de amor, de permitir que ele irradie, seja demonstrado, e ainda nos pressionaremos pela responsabilidade financeira do lar? E ainda armazenaremos a partilha sobre nossos pesos, dores, medos, culpas e rancores? Mas homem não pode expor suas fragilidades. Certo? Errado!
Não conseguimos ser sustento da família o tempo todo, somos falíveis, nos decepcionamos com nós mesmos e com os outros, queremos expor as nossas dificuldades como homem, pai, marido, filho, nossos anseios emocionais… Mas, nos deparamos com uma sociedade injusta com poder de “Justiça” no punho e no espírito, que tem para cada erro um tribunal, que nos condena não só pelas atitudes, mas pelo gênero a qual pertencemos.
A inserção, ascensão e visibilidade da mulher no mercado de trabalho, bem como o maior acesso à informação, tem provocado transformação nas rotinas familiares, fazendo com que muitos representantes do sexo masculino também participem ativamente da vida da família, da rotina doméstica e da criação e educação dos filhos. Os homens não estão só presentes nas trocas de fraldas, mas nos deveres escolares, nas reuniões de pais e mestres, no trajeto para a escola, nas compras ao supermercado, no tanque, na pia ou no fogão…
Queremos dos filhos o mesmo respeito que nossos pais tiveram de nós, mas precisamos nos conectar afetivamente de uma nova forma. Podemos fazer diferente ou... até quando não choraremos?
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17 de Julho de 2017
Que ótimo texto! Temos que falar mais sobre isso, para que cada vez mais homens e mulheres percebam que TODOS têm igualmente sentimentos e precisam vive-los e expressa-los. Ainda há muitas pessoas com este conceito altamente ultrapassado...
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Regina, E não são poucos os casos de pessoas "dentro da caixinha". Obrigado por participar!
13 de Julho de 2017
Vale muito essa reflexão. Alguém um dia inventou isso de homem não chorar, já houve mudanças, mas dá para melhorar muito pq homem pode e deve chorar!
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É cultural, se espalhou e deixou suas marcas... Faremos diferente!
11 de Julho de 2017
Escutei muito do meu Vô "NÃO É PARA APANHAR NA RUA". Hoje percebo que aquelas palavras sempre me meteram em confusões, o medo de apanha em casa era tanto que resolvia minhas desavenças com todas as minhas forças. Tamanho era o meu medo de falar "eu apanhei na rua." Hoje tento ressignificar cada momento que vive e busco passar para minha filha que o dialogo é a melhor maneira de resolver uma situação e que se: doeu, machucou ou feriu de alguma forma, colocamos o perdão em pratica e seguimos em frente. E respondendo algumas de sua perguntas. Sim homens devem chorar.
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Viu só como refletiu negativamente? Por mais que isso fizesse você "resolver" as situações ou mesmo se defender, precisou apelar à violência. Seguiremos juntos, por um mundo melhor!
10 de Julho de 2017
Oi Leandro Adorei seu texto! Que bom ver cada vez mais homens pensando desta forma. Sim, é preciso se conectar afetivamente de um jeito novo. Todos ganham com isso, sempre. Bjs
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Obrigado, Claudia. Uma mudança positiva gera um ciclo. Haverá transformação, ainda que o trabalho seja de formiguinha.
10 de Julho de 2017
É por guardar esses sentimentos que os números de suicídio entre homens é tão maior que o das mulheres. Crescemos com muito mais dificuldades de expressar nossos sentimentos por conta dessa bobagem :-/
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Você tem toda razão...Uma hora a bomba explode, não é?
10 de Julho de 2017
Muito bom o texto, no meu caso que tenho dois meninos a serem criados , educados e preparados para esse mundo uma ótima reflexão
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Obrigado, Luciana. Se todos fizermos juntos, teremos mudanças em um menor tempo...
10 de Julho de 2017
Querendo ou não a gente e criado em um sistema machista, muitas vezes engolimos o choro mais sempre aquele choro engolido volta a ser lembrado.
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Uma hora a gente desengasga...Que não façamos o mesmo com nossos pequenos e que possamos ensiná-los a expor mais seus pensamentos e sentimentos...
09 de Julho de 2017
Até Qd? Até Qd iremos segurar nosso choro? Vale a reflexão... Ótimo texto, como sempre.
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Obrigado, Pablo. Até quando?
09 de Julho de 2017
Fui criado desta maneira a qual "homem não chora" porém me derreto a cada carta de meus filhos, a cada emoção compartilhada com as famílias que conheço e até mesmo com filmes em que os cães se vão, comercial de margarina então?? Nem se fala rsrs. Realmente está na hora de mudar, deixar que nossos filhos e até nós mesmos façamos coisas ( inclusive chorar) sem ser mal visto pela sociedade ...grade matéria do blog parabéns pela forma que abordou o tema!
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Eu confesso que tenho mais dificuldades de chorar (já fui mais chorão). Às vezes, como forma de defesa, guardo, guardo, guardo...até que uma hora vaza! Porém, se expor a quem se confia ou mesmo a você (solo) é o melhor a ser feito!
09 de Julho de 2017
Um texto como esse é serviço. É esclarecedor e gerador de debate do machismo que prejudica. Tudo precisa ser dosado. Somos machos e podemos chorar e devemos partilhar das funções com nossas esposas. Belo texto!
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Obrigado por compartilhar, Fernando. Sim, é tudo isso aí... Não dá para viver como uma panela de pressão, não é?
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